A Emancipação
Tendo por base um dos livros, Memórias Paroquiais, datado de 1758, o Olho Marinho, apesar de estar integrado na freguesia da Amoreira, tinha cerca de 300 habitantes distribuídos por 95 fogos, ao longo do chamado Olho Marinho Velho, Casais da Arruda, Perna de Pau e Casal Lameiro. Esta população, no século XVIII tinha uma estrutura económica, baseada em parte nas oito azenhas, movidas pelas águas que corriam ao longo do Rio Olho Marinho, em paralelo com um tipo de agricultura com alguma dimensão; desenvolvida pelos proprietários das Quinta do Furadouro e Ceilão, os maiores empregadores locais, juntamente com uma agricultura de subsistência praticada pelos restantes residentes. Para além da estrutura económica agora descrita, possuía também no sector religioso, uma Ermida em honra de Santa Iria; localizada no Centro do Olho Marinho; uma Capela particular na Quinta do Furadouro (em honra de N. Sra. do Livramento); na Quinta do Ceilão, a Capela particular (em honra de N. Sra. da Penha de França) e no lugar Serra Pequena a Capela em honra de N. Sra. do Amparo.
Entretanto o lugar do Olho Marinho e os seus casais conseguem atingir um forte crescimento demográfico, sendo que, no final da primeira metade do século XIX, em 1845, já é visível um certo desenvolvimento socioeconómico, situação que motiva e incentiva os homens mais influentes da povoação, a reivindicarem com mais força a elevação do Olho Marinho a Freguesia.
O desenvolvimento socioeconómico alcançado, em paralelo com o início das obras de construção da actual Igreja Matriz, em 1845, uma obra de grande envergadura para a época, dinamizada pelo padre Silveira Malhão, juntamente com os ventos do liberalismo político que então se faziam sentir no País. Cerca de trinta anos depois de ter sido inaugurada a igreja Matriz, no dia 04 de Abril de 1886, numa das reuniões realizadas no Olho Marinho, na sacristia da Igreja Matriz, o Sr. Miguel Pereira Moleiro, à data Presidente da Junta, juntamente com os restantes membros do executivo, na presença do Sr. Maximino Tiago Pereira Manjolinha, Regedor da Freguesia, deliberaram por unanimidade nesta Reunião Extraordinária, solicitar a sua Majestade a criação da Freguesia do Olho Marinho. Mais tarde, tal como escreveu no seu diário o Prof. Joaquim Roque Duarte, os Olhomarinhenses há muitos anos que se sentiam feridos no seu orgulho, por serem desconsiderados em relação aos naturais da Amoreira. Estas e outras reivindicações, todas no sentido da libertação política da Freguesia da Amoreira, eram periodicamente enviadas para as entidades oficiais, uma vez que o grande objectivo, era a constituição duma nova Freguesia no Olho Marinho. Apesar dos ventos políticos do liberalismo soprarem , a luta pela emancipação política do Olho Marinho, durou mais de oitenta anos. Esta luta foi longa e difícil, dizia o Prof. Roque Duarte, no dia 5 de Março de 1925, quando finalmente os Olhomarinhenses ascenderam à categoria de Freguesia após ter sido publicada no Diário do Governo n.º 49, a Lei n.º 1.752, que finalmente determinou a criação da Freguesia do Olho Marinho.
A nova Freguesia passou a situar-se a sul do concelho de Óbidos, com uma área global de 1.832 hectares, distribuídos da seguinte forma: 1.300 hectares, aproximadamente, constituem um conjunto de parcelas classificadas como Reserva Agrícola Nacional, áreas urbanizadas e urbanizáveis; sendo os restantes 532 hectares, localizados maioritariamente no Planalto das Cesaredas.
A freguesia faz presentemente fronteira com os concelhos de Bombarral, Lourinhã e Peniche.